segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As gestantes e os cosméticos


Todos necessitamos de cuidados com o corpo e com a aparência. É uma necessidade pessoal e do ambiente em que vivemos. As gestantes não fogem dessa regra, necessitando de cuidados especiais para evitar ou amenizar distúrbios cutâneos relacionados às mudanças hormonais comuns na gravidez.
Atualmente muitos cosméticos deixaram de ter ação meramente superficial, na camada córnea, e passaram a agir mais profundamente, na derme, apresentando em alguns casos absorção sistêmica.

Essa penetração e posterior absorção podem induzir atividades fisiológicas. No caso de gestantes deve-se pensar nas possíveis manifestações que podem afetar, de alguma forma, o feto e o período gestacional.
Ingredientes Cosméticos para Gestantes
Para os cuidados da pele da gestante existem situações que merecem atenção especial como os distúrbios de pigmentação (cloasma), do tecido conectivo (estrias), dos pêlos e unhas, bem como a acne na gravidez, problemas que exigem produtos bem formulados e com eficácia assegurada.
A escolha dos melhores ingredientes para a composição de formulações cosméticas deve levar em conta também o aumento do fluxo sanguíneo em diferentes regiões do corpo da gestante, que pode ocasionar o aumento da absorção sistêmica destes ingredientes.
Quando se fala em segurança o importante é sempre levar em conta a relação risco-benefício. Existe uma dificuldade em se afirmar o que é totalmente seguro e o que pode causar algum prejuízo para a mulher ou para o feto, já que a quase totalidade dos ativos cosméticos e demais ingredientes não apresenta segurança definida para uso em gestantes – até pela dificuldade em se produzir este tipo de teste ou muitas vezes pela legislação de cada país.
Através de evidências científicas sabemos que alguns componentes realmente podem causar danos à saúde da mulher e do feto, como é o caso de alguns filtros solares, tinturas capilares e derivados minerais, dentre outros.
Evidências
O que é Comprovadamente Contra-Indicado na Gestação

Uso de Despigmentantes com Corticóides
Estudo publicado no Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene avaliou gestantes que utilizavam hidroquinona associada à corticóides de alta potência, uma prática comum no país onde essas mulheres foram analisadas (Senegal), constatando que o uso de esteróides resulta em conseqüências para a mãe e para a criança. Os achados evidenciaram estatisticamente significativa diminuição plasmática do nível de cortisol, uma placenta menor e alta taxa de baixo peso ao nascimento.
Uso da Hidroquinona
Desde 1996, tem sido publicada uma enorme quantidade de artigos a respeito da carcinogenicidade da hidroquinona. Em agosto de 2006, foi publicado no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology um estudo de pesquisadores do Instituto Holandês para Desordens Pigmentares que relata todos os aspectos toxicológicos desse agente.
Já é muito conhecida a ocorrência de leucomelanodermias em confete, um transtorno da pigmentação caracterizado por pontos com ausência total de melanina, e da ocronose exógena, um escurecimento negro-azulado da pele após a aplicação tópica de hidroquinona.
Além dessas anormalidades e da ocorrência de diversos tipos de câncer os estudos mostram a ocorrência de adenoma renal e leucemia em experimentos animais, indicando sua nefrotoxicidade. O uso diário de hidroquinona também pode provocar acúmulo do agente no corpo através da absorção sistêmica.
Por isso, com base em recentes evidências dos riscos potenciais, que são mais altos que os presumidos até agora, os pesquisadores declararam que o uso da hidroquinona como agente despigmentante deve ser interrompido completamente.
Uso de Parabenos
Um estudo da Universidade de Brunel, Reino Unido, reportou a leve ação estrogênica dos parabenos. O butilparabeno, por exemplo, mostrou-se capaz de competir com o 3H-estradiol pela ligação com receptor estrogênico em ratos. Os pesquisadores relatam que esse é o parabeno com ação estrogênica mais potente, porém, os outros (metil-, etil- e propil-) parabenos também apresentam leve ação estrogênica.
São relatados também o aumento do peso uterino, a regulação da expressão do gene CAT, a proliferação de células MCF-7 (causados pelos butil-, isobutil- e benzilparabeno) e os efeitos no trato reprodutivo masculino (causados pelos butil- e propilparabeno).

Estudo do Center for Health and the Environment, Universidade da Califórnia, EUA, demonstrou que os parabenos metil-, propil- e butil- inibem a testosterona. O triclosan mostrou a mesma atividade, também constatada in vitro. Esses achados reportam a necessidade de mais investigações para entender de forma mais ampla o impacto potencial desses preservantes na saúde reprodutiva humana.
Uso de Filtros Solares Orgânicos
Filtros solares são uma nova classe dos compostos químicos com atividade endócrina. Em estudos em ratos e em cães foi demonstrado que a administração oral de alguns filtros solares orgânicos apresentou toxicidade no desenvolvimento dos fetos, aumento do peso das ratas e redução da taxa de sobrevivência pós-parto e do peso do timo. Houve retardo do início da puberdade em machos e os pesos dos órgãos reprodutivos foram afetados de maneira dose-dependente. Foram observadas alterações no RNA mensageiro dos genes estrógeno-regulados na próstata, no útero e nas regiões cerebrais.
Filtros solares químicos também apresentam absorção sistêmica em humanos. Estudo comprovou que após a aplicação tópica, MBC (4-metilbenzilideno cânfora), BP-3 (benzofenona-3) e OMC (metoxicinamato de octila) foram absorvidos pela pele. Além da presença no plasma, os três fotoprotetores também foi detectada na urina.
O uso de Tinturas Capilares
Tinturas permanentes para cabelos são utilizadas por um terço das mulheres adultas dos Estados Unidos. Diversos estudos epidemiológicos associam o uso de tinturas para cabelo ao aumento do risco de câncer.
Mulheres que fazem uso de tintura, particularmente de coloração preta, podem ter maior risco de desenvover linfoma fatal não-Hodgkin e de mieloma múltiplo.


A exposição às aminas aromáticas presentes nas tinturas de cabelos é associada ao aumento do risco do desenvolvimento de câncer de bexiga e de outros tipos de câncer.

Os estudos epidemiológicos atuais sugerem a associação do uso de tinturas de cabelo com o aumento do risco de câncer de bexiga.
Cânceres hematopoéticos são associados à exposição ocupacional a produtos para tingir os cabelos. O uso de tinturas para cabelo parece aumentar o risco de linfoma não-Hodgkin. Foi reportada também a associação com mieloma múltiplo e doença de Hodgkin.


Conclusões

Com base nesses achados científicos notamos que a maioria dos cosméticos normalmente utilizados por gestantes é claramente inadequada. Isso é alarmante ao analisarmos a utilização de parabenos e de filtros solares orgânicos tradicionais.
Hoje o mercado dispõe de preservantes mais modernos que até o momento demonstram maior segurança, bem como de filtros solares inorgânicos com excelente perfil cosmético sem contar os novos filtros solares orgânicos com tecnologia mais avançada e que apresentam excelente performance e segurança em relação à penetração cutânea.
No caso de agentes clareadores, hidratantes e antienvelhecimento existe uma gama de opções de extratos concentrados de alta tecnologia e moléculas inovadoras que apresentam ótimos perfis de segurança avaliados por testes de citotoxicidade e fototoxicidade.
Portanto, é plenamente possível o desenvolvimento de produtos cosméticos mais seguros para gestantes, levando em consideração o conhecimento atual do que comprovadamente pode causar malefícios á mulher e ao feto. Ao adotarmos uma consciência de “cosméticos mais seguros” para todos os tipos de públicos, talvez um dia não exista mais a preocupação em se avaliar qual cosmético é ou não adequado para o uso na gestação. Talvez os novíssimos orgânicos encontrem também aí um lugar assegurado.

Fonte:http://www.mauriciopupo.com

TEXTO TIRADO DO PORTASL DA ESTETICISTA
 

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